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11 de ago. de 2009

Charles Manson 40 anos


Há 40 anos, na madrugada de 9 de agosto de 1969, um grupo de seguidores da seita de Charles Manson entrava numa mansão da classe alta de Los Angeles para conceber um dos mais cruéis assassinatos da história dos Estados Unidos. Os quatro “hippies” (uma mulher e três homens) da “Família Manson” amarraram e esfaquearam brutalmente cinco pessoas, entre elas a moradora da residência, a atriz Sharon Tate, esposa do cineasta polonês Roman Polanski. Não satisfeito, o próprio Manson liderou um segundo grupo, na noite seguinte, a invadir outra mansão e matar mais pessoas da "forma mais sanguinária possível" - suas palavras. Foram sete cadáveres massacrados naquele fim de semana californiano que entrou para história.

Sharon foi uma das mais belas mulheres dos anos 60. Os olhos misteriosos e o corpo sedutor chamaram atenção logo em seus primeiros trabalhos como modelo de comerciais. Em Hollywood, ganhou espaço a partir de “Não faça onda” (Don´t make waves), uma comédia com Tony Curtis e Cláudia Cardinale de 1967.

Seu humor e graça encantaram o diretor Roman Polanski, que a convidou para estrelar sua comédia de humor negro, “A dança dos vampiros”. Após as filmagens , em 1968, os dois se casaram. Na noite de sua morte, Sharon levava consigo o primeiro filho do casal. Estava em seu oitavo mês de gravidez. Segundo Linda Kasabian, que tinha 16 anos quando entrou no grupo de Manson, e cujo testemunho permitiu a condenação dos envolvidos, Sharon teria suplicado aos seus executores por sua vida e a da criança, mas foi esfaqueada 16 vezes.

Charles Milles Manson foi o fundador e mentor intelectual desse macabro grupo de assassinos. Dizem alguns especialistas que ele tinha a habilidade de manipular a mente até o ponto de convencer alguém a assassinar a sangue frio. Manson fez seus seguidores acreditarem que era um novo messias, que encarnava Cristo e o Diabo na mesma pessoa.

Um dos motivos que potencializou o drama sobre a morte de Tate na época, e seu impacto duradouro até os dias de hoje, é que um ano antes Polanski realizara “O Bebê de Rosemary”, que tratava justamente de um jovem casal amedrontado por uma seita de adoradores do diabo.
O filme hoje é um clássico do cinema de horror. Tenso, claustrofóbico e brilhante como direção cinematográfica. Protagonizado por Mia Farrow, “O Bebê de Rosemary” continua sendo associado à morte da esposa do cineasta. Uma daquelas tristes coincidências que enriquecem a mitologia sobre o filme e os crimes de Manson. Mitologia que só cresceu com a produção de outros filmes e documentários sobre suas crenças insanas.

A tv americana produziu dois filmes inspirados pelos massacres, respectivamente em 1976 e 2004, ambos chamados “Helter Skelter” e usando como base o mesmo livro, "Helter Skelter: The True Story of the Manson Murders” de Vincent Bugliosi e Curt Gentry. O mais recente, escrito e dirigido por John Gray, encontra-se disponível na locadouras.

O termo “helter skelter” foi pichado com sangue numa das mansões onde ocorreram os crimes há quarenta anos. Trata-se de uma menção à canção do mesmo nome dos Beatles lançada no “álbum branco” de 1968. Manson acreditava que os Beatles conversavam com ele através de suas canções, e “Helter Skelter” teria detalhes sobre seus planos proféticos para o estouro de uma guerra racial nos Estados Unidos.

“Helter Skelter” é o nome de um brinquedo infantil britânico construído como espiral. Paul McCartney, no livro “Many Years From now” de Barry Miles diz que “Eu usei o símbolo do brinquedo helter skelter como uma ida do topo para o fundo – a ascensão e queda do Império Romano – e esta era a queda, a decadência, a ida para o fundo. Você pode pensar que é um título bonitinho, mas é tido como (má) referência, desde quando Manson tomou como um hino.”

Em março de 2005, a Q magazine nomeou “Helter Skelter” a número 5 na lista das 100 melhores canções de guitarra. Em 1987, a banda U2 regravou a canção para o projeto/filme “Rattle and Hum”. Na introdução da música, Bono Vox diz que “esta é a canção que Charles Manson roubou dos Beatles. Estamos tomando de volta!”.

Graças aos crimes de 1969, Manson tornou-se um dos maiores divulgadores da idéia que o rock tinha mensagens satânicas escondidas. Muita gente rodou seu LP de trás para frente na época, para ouvir o diabo sussurrrar.

A relação de Manson com o mundo pop e do rock´n roll foi ainda mais longe. Dennis Wilson, um dos integrantes do grupo Beach Boys fez parte da "família" do psicopata. O grupo inclusive chegou a gravar uma das canções escritas por Manson, “Never Learn Not To Love”, presente no álbum “20/20”, de 1969. Não era só sol e praia que simboizava a Califórnia dos Beach Boys nos anos 60.

Manson, que está com 75 anos, tem tentado nas últimas décadas conseguir liberdade condicional, mas continua até hoje cumprindo prisão perpétua de encarceramento. Isso não o impediu de explorar
seu propenso “talento musical”. Em 1993, a banda Gus´n Roses gravou uma de suas músicas, "Look at your Game Girl". E, segundo Linda Kasabian, “Maison permanece tocando violão, dançando, contando histórias e sendo livre" na mente.


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